Pesquisa: bioplástico de casca de banana ficou mais fácil de produzir

Saiba como as pesquisas coordenadas pela engenheira de alimentos Henriette Azeredo está dando velocidade a uma tecnologia revolucionária.

A casca de banana é a matéria-prima utilizada por pesquisadores da Embrapa Instrumentação, localizada em São Carlos (SP) e da Universidade Federal de São Carlos, a UFSCar, para criar filmes bioplásticos com potencial aplicação como embalagens ativas de alimentos. Há uma semana, na terça-feira (8), eles anunciaram um feito inédito.

Por meio de um processo simples, com pré-tratamentos brandos, que utilizam apenas água ou uma solução ácida diluída, os pesquisadores converteram integralmente cascas de banana em filmes bioplásticos com excelentes propriedades antioxidantes, proteção contra a UV 9radiação ultravioleta), e sem gerar resíduos.

Agora, os pesquisadores pretendem desenvolver o filme bioplástico em escala piloto para tornar o processo ainda mais interessante do ponto de vista industrial. A meta é de um ano e meio de trabalho.

Os filmes tiveram desempenho igual ou até melhor do que muitos bioplásticos preparados de forma semelhante, a partir de outros tipos de biomassa, mas por meio de outros métodos, incluindo processos mais complexos, caros e demorados, portanto, menos produtivos, para a transformação de resíduos agroalimentares.

No LNNA (Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio), os pesquisadores utilizaram cascas de bananas da variedade cavendish, a mais consumida e cultivada no mundo, conhecida como nanica ou banana d’água no Brasil, cuja produção anual é estimada em 50 milhões de toneladas, segundo dados de 2022 da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).

A cadeia de valor da banana, em particular, gera uma quantidade significativa de subprodutos que atualmente são subutilizados ou descartados indevidamente, resultando em perdas e problemas ambientais. De acordo com pesquisadores brasileiros, para cada tonelada de banana processada, podem ser gerados até 417 kg de cascas.

Daí partiu a motivação dos pesquisadores, reduzir o lixo gerado pelo descarte da casca, aproveitando-a integralmente, inclusive seus inúmeros compostos bioativos, como fenólicos, e a pectina, um importante polissacarídeo que pode ser utilizado na produção de filmes biodegradáveis.

“O aproveitamento como filme bioplástico é uma oportunidade de valorizar este resíduo e diminuir o impacto ambiental associado ao uso de plásticos não biodegradáveis”, enfatiza o engenheiro químico Rodrigo Duarte Silva, que desenvolveu o filme durante seu pós-doutorado sob a supervisão da pesquisadora da Embrapa, Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo.

Henriette esclarece que o filme preparado em escala de laboratório, de cor amarronzada e espessura micrométrica, pode ser usado como embalagem primária de produtos propensos a reações de oxidação. Os resultados promissores obtidos experimentalmente encorajaram os pesquisadores a dar continuidade aos estudos para melhorar ainda mais algumas propriedades do filme. Entre elas, estão as de interação com a água, um desafio da pesquisa devido à alta afinidade por água das moléculas presentes na biomassa.

“Cascas de banana pré-tratadas hidrotermicamente surgem como uma biomassa promissora para produzir bioplásticos adequados para aplicações em embalagens de alimentos, por causa de suas ótimas propriedades antioxidantes e de superfície, podendo contribuir para a transição de uma bioeconomia circular,” afirma Henriette. (Com Embrapa)

Leia mais em: Forbes Agro

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress